Solo de dança “Savalu” estreia nesta quinta-feira no SESI Rio Vermelho celebrando a ancestralidade

Criado pela pesquisadora e professora Edeise Gomes, espetáculo mergulha nos ciclos do tempo e na memória corporal através de metodologia inédita.
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Crédito: Caique Silva/Divulgação

A ancestralidade negra e os ciclos temporais ganham corpo e movimento no palco do Centro Cultural SESI Rio Vermelho a partir de hoje. Estreia nesta quinta-feira (27), às 19h, o espetáculo de dança “Savalu: uma inscrição no tempo”. A montagem, idealizada e interpretada pela dançarina Edeise Gomes, realiza uma curta temporada com uma segunda apresentação na sexta-feira (28), convidando o público de Salvador a uma experiência sensorial sobre memória e identidade.

O solo é fruto de uma densa pesquisa acadêmica e artística de Edeise, que atua como professora nos cursos de Dança e Teatro da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e é doutoranda na Escola de Dança da UFBA. Em cena, a artista propõe uma narrativa física onde o corpo atravessa eras, renasce e se reorganiza, refletindo sobre as escolhas feitas ao longo da vida e a conexão com suas raízes.

Metodologia do “Aterrar”

A base conceitual da performance reside na metodologia denominada “Aterrar”, desenvolvida pela própria artista durante seu doutorado. O processo criativo é sustentado por quatro pilares que dialogam simultaneamente em cena: terra, errar, ar e até.

Segundo a criadora, cada palavra carrega um simbolismo profundo para a execução dos movimentos. A “terra” evoca o território e o chão firme da ancestralidade; o “errar” é visto não como falha, mas como permissão para experimentar e descobrir-se; o “ar” refere-se à visibilidade e ao exercício de ocupar espaços; e o “até” delimita a extensão e o alcance do que o corpo projeta no mundo. Essa teia de significados transforma a dança em um ritual de autoconhecimento e afirmação.

Crítica e resistência no cenário local

Além da proposta estética, “Savalu” traz consigo um posicionamento político sobre o lugar da dança na capital baiana. Edeise Gomes levanta uma discussão pertinente sobre a visibilidade da dança artística em Salvador, muitas vezes ofuscada por uma lógica puramente comercial ou de entretenimento de massa.

“Salvador é uma cidade dançante, mas infelizmente a dança foi reduzida à área business, do palco, da academia. Todas elas são importantíssimas, elas me formaram, mas não as únicas que existem”, reflete a artista. O espetáculo, portanto, surge também como um ato de resistência, reivindicando os palcos teatrais como espaços legítimos para a pesquisa e a expressão da dança negra contemporânea.

Crédito: Caique Silva/Divulgação


Serviço

  • O quê: Espetáculo de dança “Savalu: uma inscrição no tempo”

  • Quando: 27 e 28 de novembro (quinta e sexta-feira)

  • Horário: 19h

  • Onde: Centro Cultural SESI Rio Vermelho (Salvador – BA)

  • Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

  • Vendas: Bilheteria do teatro e plataforma Sympla

  • Classificação: Livre

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